God Country, 2018.
Tenho lido as publicações de Donny Cates de forma meio atordoada. Acho que a primeira coisa que li foi Buzzkill (diversão demente), seguido da ótima temporada de Venom que ele comandou, daí Crossover tem sido uma das melhores hqs dos últimos anos e eu decidi que porra, esse bróder tem uma manha que não sei direito dizer o que é, uma facilidade em trabalhar temas complexos em linguagem bruta e sensível que se assemelha à Jason Aaron (pra ficar num exemplo contemporâneo, ou Morrisson para comparar com um dos mestres). Fui lendo outras coisas dele, como a excelente The Ghost Fleet (uma HQ de ação deliciosamente pré-adolescente das ideia) e finalmente cheguei no debut na Image: God Country. Que pancada. A história se desenrola feito uma canção épica de metal atmosférico, ora abrindo espaço para respirar, ora descendo a porrada sem limites. A cadência com que Cates desenvolve a sua história é quase anime/mangá em sua essência: ele trabalha crescendos inevitáveis sem deixar-se perder em uma cascata infindável de momentos, como muitos autores que trabalham os mesmos temas fazem. Cates vai de A até B de forma direta e quase simplória, entregando o que o povo quer. São os três acordes do punk, o dedilhado do black metal, a bateria do death. Coisas que funcionam porque são simples e possuem uma intenção clara. A beleza está em ser o que se parece.