A Drifting Life.

Um mangá semi-autobiográfico de quase novecentas páginas. Comecei a ler A Drifting Life por pura curiosidade. Não demorou muito para ver que tinha algo mais ali (por pura ignorância minha, não sabia nada sobre o autor, um influente contemporâneo de Tezuka). A história de Yoshihiro Tatsumi é a de um artista que começa ainda adolescente, desenhando mangá em um Japão pós-guerra. Tatsumi começa a criar pois percebe que: pode e consegue. Um hobby de estudante do ensino médio, que vive em um país devastado. É algo que inicialmente serve para lhe render algum trocado e algo para fazer. Até começar a virar algo que pode lhe sustentar. A partir do momento em que Tatsumi decide não ir para a faculdade e investir em sua carreira de autor, o livro começa a expandir, tratando sobre o ato de criar. Mesmo que as condições melhorem, ainda é preciso sentar e fazer o que precisa ser feito. Não é porque ele consegue o que quer (ir trabalhar em Tóquio) que seu trabalho melhora. Não é porque conhece Tezuka em pessoa, que conseguirá fazer um trabalho naquele nível. Quando tudo dá errado para Tatsumi, o que lhe resta é o som da cidade entrando pela sua janela, os cinemas que ele incessantemente frequenta e suas páginas de mangá a criar. Há muito em A Drifting Life que chama atenção, e, mesmo que eu não conheça nada de mangá dessa época (maioria do que li começa na década de 90), consegui perceber a influência que Tatsumi teve. Acho que sem autores como ele, não haveriam os mangá que cresci lendo.