Hawkeye, #01-11.

Antes do Maior Filme De Super-Heróis De Todos Os Tempos que foi o primeiro Avengers, não tinha muita gente que ligava para Clint Barton. Muito menos sabiam que ele é o Hawkeye (ou Gavião Arqueiro). Um eterno personagem secundário, dentro de um universo lotado de personagens estelares. Talvez justamente essa indiferença tenha dado liberdade para Matt Fraction e David Aja iniciarem uma série em quadrinhos que não precisava responder nada.

Não vou fingir que sei muito sobre o personagem dentro dos quadrinhos porque realmente não sei, acho que ele sempre meio que esteve lá, entre os Vingadores, entre alguns arcos maiores e tudo mais. Sempre existiu Hawkeye, nunca liguei muito. Ele tinha (e ainda tem) uma função secundária no universo spandex da Marvel e parece que sempre a cumpriu bem. Só que nessa versão do seu título próprio, Hawkeye não parece sequer habitar o mesmo universo que os X-Men.

Ele é Clint, um cara de vida pessoal azarada, que usa jeans e converse e passa horas demais trocando curativos. Faz parte dos vingadores, é milionário por conta disso – mas não é superpoderoso. Tem problemas demais com ex-mulheres, ex-namoradas e sua parceira de profissão, Kate Bishop (que nos quadrinhos já foi Hawkeye e meio que ainda é – quadrinhos são confusos, cara). Clint tenta levar os seus dias da melhor forma que dá. Só acontece que ele é um super-herói. E por isso, às vezes é difícil ter um dia de descanso decente. Ou saber como fazer coisas mundanas como desfazer uma mudança.

Há um efeito parecido com o que Alias (do Bendis e Gaydos) proporcionava, uma imersão fundamental que só o meio é capaz. Há uma empatia que se constrói entre os painéis, a risada que surge naquele meio segundo após ler o balão. Quando se acha que ela vai ser um tipo de história em quadrinho, ela vira outro tipo – mas sem experimentar a esmo. Ou talvez seja um experimento constante. Difícil acompanhar às vezes.

Matt Fraction e David Aja estão criando uma das histórias mais crocantes de se ler de todos os tempos. A arte de Aja é nada menos do que incrível em alguns momentos, dando vida ao roteiro de Fraction em painéis econômicos e certeiros. A edição que é narrada pelo um cachorro do Clint é praticamente um manual de como se fazer uma história em quadrinhos, é material para se usar como referência para a vida toda. Tem dias que tudo que tu precisas é de uma hq como essa.