Discos de 2023 [ou] Na Linha Pontilhada Vou Indo, Indo, Indo

O ano dos antigos. Talvez essa tenha sido o tema de 23 [ou] só acaba quando termina. Resolvi esperar até o último momento pra fechar essa lista, coloquei todos os discos no shuffle do celular e adicionei alguns e removi outros nas últimas semanas. Deu bem certo, pois apareceram alguns que deixei passar e eu pude ter uma melhor noção de como o ano soou pra mim. Ah, também fiz uma playlist de tudo no spotify (menos uns discos que não apareceram pra mim aqui), tomae.

Submersion – Entrainment
Sentar para tomar um café bem cedo, antes do trabalho e me deixar afogar por esse disco, um dos prazeres do ano.

Kannabinõid – MASS
Capaz de ser o Disco Do Ano pra mim só porque me coça uma coceira que tenho há muito tempo: é possível ser inovador, divertido, doidera e muito pesado dentro da tag stonerdoom, tag essa que tem dezenas de releases nos últimos que não só te cansam como pouco te entretém, mas aí aparece um tipo esse e terraplana geral. Que disco.

Art Themen & Greg Foat – Off-Piste
Para dias de folga e agendas vazias.

Croatian Amor – A Part of You in Everything
O que acontece quando tu cresces ouvindo Burial todos os dias [ou] um artista ainda em plena ascenção.

Arooj Aftab, Vijay Iyer, & Shahzad Ismaily – Love In Exile
A beleza de ser experimental, assombrado e necessário.

Black Sky Giant – Primigenian
Um desses discos do começo do ano que se seguraram bem, uma banda que sabe demais.

JVXTA – Euston Blues
Ouvi bastante. Sempre curti essa área entre o deep house e o ambient, e o equilíbrio aqui é coisa de mestre. Como é bom encontrar discos como esse.

Larry June & The Alchemist – The Great Escape
I’m driving the whip so fast, I can’t control it / I’m fishtailin’ leavin’ Javier’s, I should’ve chauffeured.
Todo ano tem que ter uma produção do Al na minha lista, esse ano escolho essa.

Sean La’Brooy – There’s Always Next Year
Põe um chambre, faz um omelete num domingo de manhã com aquela colherada de catupiry extra, coloca esse disco. Fica tudo delícia.

Atmosphere – So Many Other Realities Exist Simultaneously
You better love yourself today because tomorrow will be harder. Obrigado por mais esse. Como tem sido bom ter todo ano um disco novo do Atmosphere véio.

a.s.o. – a.s.o.
Se esse disco me aparecesse numa dessas mega playlists de trip hop 90s do spotify, eu teria acreditado que era algo da era que eu simplesmente não conhecia. Esse duo australiano radicado em Berlim tem a manha. Acho que li alguém descrever que é como se o Portishead e o Massive Attack circa fim dos anos noventa colaborasse em um discão.

Jessy Lanza – Love Hallucination
Faz uma cota que a Jessey Lanza tá fazendo a dela. Esse disco me lembra olhar pro cd da Immaculate da Madonna na estante da casa de um amigo quando era moleque, lembra sutiã branco, lembra verões não vividos.

La Iglesia Atomica – Los Demonios Andan Sueltos
Supercabróns direto de San Juan. Meu stoner doom fuzzed out do ano. Assim como o Church of Misery, são também veteranos que decidiram mostrar pro mar de stoner bands que é assim que os antigos faziam.

Sofia Kourtesis – Madres
Um presente. De vez em quando temos o privilégio de testemunhar um artista fechando um círculo perfeito. Sofia não só faz isso, como cria uma ponte da américa latina pra Berlim enquanto te faz balançar.

King Gizzard and the Lizard Wizard – PetroDragonic Apocalypse; or, Dawn of Eternal Night: An Annihilation of Planet Earth and the Beginning of Merciless Damnation
Curto um King Gizzard mas percebi que na minha coleção de discos só tenho os de metal deles. Não por acaso: são o bicho. Esse ano tivemos mais um desses, uma pedrada podre, cheia de bons momentos e uma mitologia doidera que embala tudo e te deixa ligadão.

Jungle – Volcano
O disco salvador de dias do ano. Como é possível que o Jungle nunca erra né, mesmo depois de todos esses anos. Os vocais desse disco são de fazer qualquer um sorrir.

Wayfarer – American Gothic
Acho que sempre quis um disco assim, que mistura aquele som empoeirado de americana amaldiçoada com o nosso atmospheric black metal de cada dia. A última vez que me senti assim foi talvez ouvido Howl do Black Rebel Motorcycle Club, um dos meus maiores discos de todos os tempos.

The Hives – The Death of Randy Fitzsimmons
Todo esse tempo que passou desde que começamos a ouvir Hives serviu só pra sedimentar que banda boa é um lance imortal. Obrigado pelo serviço prestado nessas DÉCADAS.

Jonny Nash – Point of Entry
Começa com uma guitarra e vai até o infinito. Um título perfeito pro que o disco é. Vai, que dá. Uma beleza.

Church of Misery – Born Under a Mad Sign
Uns sete anos depois do seu último disco, os veteranos do Church Of Misery voltam com uma liga tortíssima, pesada e cheia de calos. Doidera ser tão antigo na cena stoner doom (acho que eles começaram em 1995) que deu tempo de ver o lance morrer e renascer.

OZmotic – Senzatempo
Chamar o Fennesz pra tocar no teu disco. Lavar o ouvinte com som.

Hot Mulligan – Why Would I Watch
Tudo bem, nós temos Hot Mulligan, baby. Como é bom ser emo.

Dead Sea Apes – Rewilding
Uma desgraceira sem tamanho. Truculência e apavoramento vindo desse trio. Demorei pra ouvir esse, nas repeti demais.

Biosphere – Inland Delta
Um som característico, que tu sabes que é Biosphere logo de cara. Soa como se tu tivesses um dia de folga e antes de levantar da cama, decidisse voltar a dormir só pra sonhar mais um pouco.

Czarface – Czarficial Intelligence
I was raised less than a parsec from Geonosis / The mic you use it wrong like cops with police batons / Your feature song is trash so to even turn the speaker on is / Pointless like Nerf knifes, or the second B in bomb.
Assim me acostumo a todo ano ter um disco do Atmosphere, um do Alchemist e um do Czarface, época boa para se viver.

maya ongaku – Approach to Anima
Que todos os nossos sonhos tenham a trilha sonora de maya ongaku. Aquela vibe Morphine que aparece aqui e ali nesse belo disco é o que sempre me pega.

crimeboys – very dark past
Nem vou escrever nada: “Special Guest DJ & Pontiac Streator are crimeboys, here delivering a debut album volley of ambient jungle and trip hop dub paying homage to influences including Vangelis, Burial, Silent Hill and the putative effects of N ₂O.”. Te joga.

Spangle call Lilli line – Ampersand
Como um amigo que tu não vês há muito, mas que parece que sempre esteve ao teu lado. A internets me diz que essa banda se formou em 1988. Imagina viver uma vida inteira tocando esse som delicioso que o Spangle call Lilli line tem. Mantendo a vibe, sempre, Ampersand é mais um excelente disco numa discografia extensa e cheia de coisas boas. Ouvir a voz da Kana Otsubo é sempre um poderoso refresco mental.

Lee Gamble – Models
Decidindo fazer vaporwave da forma mais difícil, o que acaba sendo bom pra gente. Uma aula.

Lisabö – Lorategi Izoztuan Hezur Huts Bilakatu Arte
O Ezlekuak deles de 2017 é o tipo de disco que sempre acabo voltando pra ouvir. Um daqueles que tu gostas de graça. Esse ano, eles soam diferentes, mas ainda cabulosos e impressionantes. Se tu não manjas, é como se o Swans, Fugazi e Sonic Youth fossem morar em um castelo e decidissem ser uma banda só.

Kali Malone – Does Spring Hide Its Joy
Se liga quem tocou com a Kali nesse disco:
Kali Malone: Composition & Synthesis
Stephen O’Malley: Electric guitar
Lucy Railton: Cello
Vai com cuidado.

Laurel Halo – Atlas
Saindo de uma festa de madrugada, sentando numa praça nublada. Curando. Trilha sonora para aqueles momentos em que tu não sabes se o que tá acontecendo é um deja vú, sonho ou realidade.

Cavalera Conspiracy – Morbid Visions
Hehe. Desculpa. Regravando as podreiras que nós amamos, mantendo o sotaque arrastado. A arrogância da juventude encontrando o apuro da vida adulta. Divertido e errado, mas tudo bem.

Billy Woods – Maps
I will not be in the Green Room if it’s too lit / Could be at the local greasy spoon or Szechuan establishment. Billy sabe o que quer e como quer.

Overmono – Good Lies
Se aquele disco do Jungle salva dias, esse é mais pra pesar um dia que tá ainda tá na balança. Acho que em nove de dez vezes, vai pesar pro lado que tu precisas.

Explosions in the Sky – End
O fim segundo os antigos do post rock. Juntando a vibe OST em que eles tanto tramparam nos últimos anos com o mais puro e emocional som que só o EITS consegue fazer. Que todos os fins soem assim.

Ryuichi Sakamoto (坂本龍一) – 12
O adeus de Sakamoto, tal qual em um exercício de escrita, ele tentou se curar com música e quem se beneficiou também foi a gente:
“I had no idea what I was going to create, I just wanted to be bathed in “sound”. Até mais, mestre.

2022: HOW TO DISAPPEAR COMPLETELY [OU] QUE ANO BRÓDER [OU] MELHORES DO ANO

Godspeed You! Black Emperor – All Lights Fucked on the Hairy Amp Drooling
– o tipo de coisa que parece que nunca ia acontecer: versões digitais de uma das 33 fitas que o GY!BE fez pro primeiro disco deles em 1994 e jamais tinham caído online. um acontecimento.

Lord Elephant – Cosmic Awakening
– stoner doom blues do ano.

Czarface – Czarmageddon!
– felicidade em forma de:
You can feed me to the sharks, I’ll come back in a shark-skin suit
Hotter than hibachi sauce, wiping out your zombie horde

Silvana Estrada – Marchita
– ter um coração partido embalado por Silvana: motivos para se ter o coração partido.

Sault – AIR
– o nosso coletivo anônimo de r&b favorito atinge novos patamares, sedimentando o poder do produtor e capitão Inflo sob todas coisas musicais vindas da Inglaterra. o groove dá espaço para orquestrações absurdas, entregando um disco imenso, como sempre deveria ser.

Tim Bernardes – Mil Coisas Invisíveis
– fora do tempo e espaço, Tim tá na dele. jovem mestre em pleno controle da sua vibe.

Vince Staples – RAMONA PARK BROKE MY HEART
– várias vezes durante o ano precisei de um disco assim.

Soichi Terada (寺田創一) – Asakusa Light
– “…feelgood music that’s the aural equivalent of a dopamine rush at sunrise.”

Kendrick Lamar – Mr. Morale & The Big Steppers
– kendrick has been going tru somethin’. deixa o cara. aprecia e acompanha. um privilégio.

Charley Crockett – The Man from Waco
i’ll tell you something true
every little thing i do
i stay lonely all the time.

Raum – Daughter
– hardcore: “There are fragments of beginnings and a deep sense of loss.”

Kenny Beats – LOUIE
– now I can hold my head up high. fazendo jazz com trackpad de macbook. um doutor especialista trabalhando.

Curren$y & The Alchemist – Continuance
– ta da da ta da da.

Joey Bada$$ – 2000
you fuckin’ with the realest cat since Larry David.

Shinichi Atobe – Love of Plastic
– “there’s a breeze of warm air that takes over whenever his music is played, a promise of better days, blue skies, tingling skin, sultry evenings – all that hammy stuff. “

Burial – Antidawn
– uma solidão interminável.

Denzel Curry – Melt My Eyez See Your Future
i’m killing all my demons cuz my soul is worth redeeming.

Black Thought & Danger Mouse – Cheat Codes
– já tava excelente e daí aparece um DOOM que deixa o cara tristão.

macaroom – Inter Ice Age 4
– o salvador de manhãs mais competente do ano.

Kali Malone – Living Torch
– obrigado, Kali.

Warmth – Pale Sun
– vou escolher esse EP do prolífico Warmth, mas qualquer coisa que ele soltar vale a audição algumas vezes. ambient que soa como tu gostarias que ambient soasse.

Boris – W
– bons tempos pra ser fã de Boris. nos últimos anos, soltaram muito material. W é pura doidera Borisiana, indo de vibes kawaii-esquisito pro crowbar-de-final-de-semana de uma faixa pra outra. excelente.

Freddie Gibbs – $oul $old $eparately
– sem pares né, poder sonoro que deve ser experimentado de vez em quando.

Codeine – Dessau
– mais um disco perdido. 30 anos engavetado, uma obra prima slowcore intacta, do jeito que a banda queria. pancada.

Pan•American – The Patience Fader
– um ano que até teve disco do Pan•American bicho.

Eiko Ishibashi (石橋英子) – Drive My Car Original Soundtrack
– ideias imaculadas: e se a gente chamasse a Eiko Ishibashi pra fazer a trilha do nosso filme?

Ron Trent – What do the stars say to you
– aulas. é dar play e aprender a viver.

Flora Purim – If You Will
– coisa de quem sabe demais, minha nossa senhora.

Charles Stepney – Step on Step
– um monumento: “The music that makes up Step on Step was created by Stepney alone, in the basement of his home on the Southside of Chicago, sometime in the late 1960s and early 1970s”

Conway the Machine – God Don’t Make Mistakes
– um ano em que rappers exploraram suas tretas consigo mesmo em público. bom pra gente.

Laurent Bardainne & Tigre d’Eau Douce – Hymne au soleil
– um dia de sol em forma de disco.

Natalia Lafourcade – De Todas las Flores
– dizem que a Natalia escreveu o que viria ser esse disco enquanto passava por um coração partido. uma banda inacreditável (Marc Ribot! ) e toda a dor & beleza que tu conseguires aguentar.

Klaus Schulze – Deus Arrakis
– o ponto final de uma carreira imensa. um presente de Klaus antes de partir: ‘Deus Arrakis‘ became another salute to Frank Herbert and to that great gift of life in general.”

2021: EVERYBODY HAD A HARD YEAR

(séries)

Vigil

  • um submarino nuclear em pedaços.

Reservation Dogs

  • skoden.

Superstore

  • a temporada final e excelente de uma série que viveu em tempos ingratos.

Succession

  • não existe amor em nenhum lugar.

The Beatles: Get Back

  • o maior reality show de todos os tempos.

Heels

  • enfrentando as suas próprias limitações.

What We Do In The Shadows

  • o reinado continua.

Mare Of Easttown

  • um suspiro cansado em forma de série.

Mr. Inbetween

  • até mais, Ray.

Dave

  • problemas que não são problemas.

Only Murders in the Building

  • vontade de largar tudo e ser rico.

Ted Lasso

  • obrigado.

The White Lotus

  • nada é realmente necessário.

Master of None Presents: Moments in Love: Season 3

  • difícil de assistir. talvez por isso: bom.

Brand New Cherry Flavor

  • guaraná.

McCartney 3,2,1

  • sinceramente: mestres mestrando.

Invincible

  • irresistível.

Painting With John

  • visitas constantes de amigos.

Time

  • não existe eles e nós.

For All Mankind

  • isso aqui é como deve ser feito.

Hacks

  • o amor mais difícil de se encontrar.

2021: EVERYBODY HAD A HARD YEAR

(hqs)

The Many Deaths of Laila Starr

  • memento mori. o tipo de coisa que o cara precisa de vez em quando.

The Nice House On The Lake

  • como fazer o fim do mundo.

Restless

  • mestres em atividade. um dos privilégios de se estar aqui.

That Texas Blood

  • assim se nasce uma lenda.

Crossover

  • pequenos prazeres de ser nerdola.

Red Room

  • incansável Piskor. obrigado por tudo.

Ice Cream Man

  • experimentação constante e inclemente.

A Righteous Thirst For Vengeance

  • e de repente tudo faz sentido.

Fear Case

  • as perguntas que importam.

Monsters

  • toma aí, disse o mestre. te vira.

The Department of Truth

  • é como poder ver algo que está logo ali, pronto pra ser desvendado. uma baita série.

2021: EVERYBODY HAD A HARD YEAR

(discos)

Arooj Aftab: Vulture Prince

  • como ser acalentado e assombrado pela voz de uma mulher ao mesmo tempo.

Don L: Roteiro Pra Aïnouz, Vol. 2

  • toda vez que tenha uma crise de identidade, boto Don L. pra tocar. uma vida toda narrada desse jeito é uma baita vida.

Sons of Kemet: Black to the Future

  • chegar em casa depois de doze horas de trabalho, colocar Think Of Home e curar por um tempo.

Mdou Moctar: Afrique Victime

  • de Touareg até o infinito.

Little Simz: Sometimes I Might Be Introvert

  • vida longa à rainha. disco do ano*.

bvdub: Hard Times, Hard Hearts

  • o material que preciso.

Charley Crockett – 10 For Slim: Charley Crockett Sings James Hand

  • caminhos de um guardião de algumas tradições musicais norte-americanas.

Armand Hammer & The Alchemist: Haram

  • dureza como a vida.

nthng: Unfinished, 2021

  • intropecção e beleza. fundamental.

Skee Mask: Pool

  • aquele lance de ter o que se precisa, não o que se quer ter.

El Michels Affair: Yeti Season

  • assentando o sentimento. ou como os gringos dizem: A BANGER.

C. Tangana: El Madrileño

  • tostada con tomate no hanso, camisa aberta até o terceiro botão e toda a glória de se estar em madri.

Delvon Lamarr Organ Trio: I Told You So

  • toda vida nesse disco.

Czarface & MF DOOM: Super What?

  • esmerilhamento de sempre, todavia com camadas adicionais de melancolia. até mais, MF DOOM.

Black Pumas: Capitol Cuts

  • algumas bandas são pra se ouvir ao vivo.

The Lovecraft Sextet: In Memoriam

  • trilha sonora perfeita para ir ao mercado durante o apocalipse.

Mário Rui Silva: Stories From Another Time 1982-1988

  • o cara se conecta com raízes que nem sabia que tinha.

JPEGMAFIA: LP!

  • “Do I have a life?”

Chelsea Wolfe & Converge: Bloodmoon I

  • consigo imaginar uma cena em que alguém fala “então, esse disco é do converge com a chelsea wolfe” e eu fico em silêncio apenas balançando a cabeça sim, sim, SIM.

Febem: Jovem OG

  • quantos dias me foram salvos com aquela quebra em Sem Tempo: POTE DE DANONE NO PNEU ERA O ESCAPE

BADBADNOTGOOD: Talk Memory

  • o jazz que de vez em quando precisamos (eterno Verocai).

Kaatayra: Inpariquipê

  • salve.

Iceage: Seek Shelter

  • tarefa injusta fazer roquenrol hoje em dia. mas o Iceage achou um jeito. you get high, you get hurt.

Vince Staples: Vince Staples

  • um mestre. we dying broke or live with broken hearts.

Loscil: Clara

  • talvez o tema deste ano seja “um bando de mestres resolveu soltar material que prova que mesmo durante o fim do mundo, ainda tá tudo bem”.

Hello Meteor: The Oahu GP

  • num carro branco com as janelas abertas, olhando praias francesas de relance. um bom ano.

2020 WAS A VERY GOOD YEAR

(séries)

How To With John Wilson

  • Como me sinto quando: existo.

The Mandalorian

  • Um latino solitário pelo espaço.

Small Axe

  • A real é que todo mundo tá solitário faz muito tempo.

I Know This Much is True

  • O hardcore inclemente da vida.

Industry

  • Entendo e jamais cairei nessa de novo.

Devs

  • Time is a flat circle.

Ted Lasso

  • O sentimento singular de estar no lugar certo, todavia com todo o resto errado.

I May Destroy You

  • You gotta keep the devil way down in the hole.

Better Call Saul

  • Uma caminhada silenciosa rumo ao nada. E aquela angústia toda vez que a Kim aparece na tela.

What We Do In The Shadows

  • Jackie Daytona.

High Maintenance

  • A carta de amor que eu nunca consegui escrever.

Giri/Haji

  • Dureza de vida.

Dave

  • Mas tu não precisas ser duro só por causa disso.

Homecoming

  • Redenção é uma ilusão poderosa demais.

2020 WAS A VERY GOOD YEAR

(discos)

The Black Moon, Holy Fawn

  • Um raro prazer DOOMGAZE.

Shabrang, Sevdaliza

  • Tem dias que tudo que tu precisas é de um disco como esse.

Nick Of Time, James Hunter Six

  • Operários de vibes, mestres mestrando.

Im Wald, Paysage d’Hiver

  • Falando em mestre. A tempestade de neve mais bonita do black metal.

Anywhere But Here, Habibi

  • Sempre bom ter Habibi na vida.

Adios Bahamas, Népal

  • Em um mundo paralelo, somos todos franceses.

Swamp King, Little Albert

  • O blues que sempre quis, o doom que sempre precisei.

The OutRunners, Curren$y & Harry Fraud

  • When my son
    Is full grown
    May he roll
    On golden chrome
    In a Chevy
    Sittin’ low
    Just like his pops did
    Before the world closed

Welcome to Hard Times, Charley Crockett

  • Trilha sonora essencial para um coração/ano partido. Tennessee Special all the way.

Endless Detainment, Serpent Column

  • Estupidez sonora e antipática. Arte corrosiva.

Toda História pela Frente, Kaatayra

  • Acho que nunca me emocionei tanto ouvindo um disco de black metal.

Weaving a Basket, Sea Oleena

  • Que você consiga passar meia hora no paraíso, antes do diabo saber que você morreu.

Galore, Oklu

  • Nostalgia por um passado inventado.

Wanderers: Astrology Of The Nine, Spectral Lore + Mare Cognitum

  • A real é que o universo é indiferente.

Decision Time, Charles Webster

  • Um presente de você para você mesmo.

1988, Knxwledge

  • Obrigado por tudo, Knxwledge. Estarei sempre aqui.

FlySiifu’s, Pink Siifu & Fly Anakin

  • Nas trincheiras do dia-a-dia, esse tipo de disco é item fundamental.

The New Abnormal, The Strokes

  • Envelhecer é um privilégio.

Circles, Mac Miller

  • Pois nossos corações possuem limites.

We Will Always Love You, The Avalanches

  • Melancolia benevolente. Sunshine on demand. Para fazer este ano terminar nos nossos termos.

minha lista de filmes favoritos de todos os tempos, verão 2019:

1) Paul Verhoeven — RoboCop (1987)
2) Terrence Malick — Days of Heaven (1978)
3) Kleber Mendonça Filho — Aquarius (2016)
4) Paul Thomas Anderson — Inherent Vice (2014)
5) Richard Linklater — Slacker (1990)
6) Nicolas Winding Refn — Only God Forgives (2013)
7) Jim Jarmusch — The Limits of Control (2009)
8) Jee-woon Kim — Dalkomhan insaeng (2005)
9) Michael Mann — Miami Vice (2006)
10) Joel Coen — The Man Who Wasn’t There (2001)

  1. The Wire
  2. Sopranos
  3. Louie
  4. The Office US
  5. True Detective
  6. Fargo
  7. Atlanta
  8. High Maintenance
  9. Studio 60 On The Sunset Strip
  10. Luther
  11. The Thick Of It
  12. Battlestar Galactica
  13. Sense 8
  14. The Great British Bake Off
  15. Anthony Bourdain: Parts Unknown
  16. Billions
  17. Line Of Duty
  18. Monty Python’s Flying Circus
  19. Sports Night
  20. Treme

Discos Favoritos de 2014

e lá vai mais um ano: um dos melhores que tivemos até agora. escutei música pra caralho, graças a um dispositivo móvel que toca flac e caixas de som que insistem em não ficarem caladas lá em casa. abaixo, meus discos favoritos do ano. fora o top 5, nada tá muito em ordem mas agrupei por finalidade pra ajudar. parece que deu tudo certo nesse ano.

:: hors concours :: 
Freddie Gibbs & Madlib – Piñata 
Crowbar – Symmetry in Black 
Electric Wizard – Time to Die 
Racionais MC’s – Cores & Valores
Swans – To Be Kind

:: top 5 crocante – os favoritões ::
5. FKA Twigs – LP1 [aniquilando tudo sem limites]
4. King Tuff – Black Moon Spell [como é massa ser jovem]
3. Khun Narin – Khun Narin’s Electric Phin Band [experiência única]
2. Yob – Clearing the Path to Ascend [não é um disco, é um monumento em forma de distorção]
1. Run the Jewels – Run the Jewels 2 [esmerilhamento constante, veloz, inclemente, terraplanante, uma aula de música e vibe]

:: beats tortos e éter ::
lee (asano+ryuhei) – +++ self service +++ 
BADBADNOTGOOD – III 
Hatti Vatti – Worship Nothing 
「fluence」 – elemental 
Taylor McFerrin – Early Riser 
Glass Animals – Zaba 
Shabazz Palaces – Lese Majesty

:: claro que tivemos rimas :: 
YG – My Krazy Life
Grieves – Winter & The Wolves 
The Underachievers – Cellar Door: Terminus Ut Exordium 
Yung Lean – Unknown Memory 
Isaiah Rashad – Cilvia Demo
Vince Staples – Hell Can Wait

:: all hail the riff ::
Albinö Rhino – Albinö Rhino 
Liquid Silk – II 
Brunt – Brunt 
John The Conqueror – The Good Life 
Fever Dog – Second Wind 
Stubb – Cry of the Ocean 
Hobosexual – Hobosexual II 
Echoes – The Pursuit

:: dooooooom ::
Taurus – No/Thing 
Irkallian Oracle – Grave Ekstasis 
Monolord – Empress Rising 
Woman is the Earth – Depths 
Panopticon – Roads to the North 
Paramnesia – Paramnesia 
Conan – Blood Eagle 
Huey – Ace

:: garageira sem limites ::
PYPY – Pagan Day 
The Madcaps – The Madcaps 
Habibi – Habibi 
The Dirty Nil – SMITE 
Thee Tsunamis – Delirium & Dark Waters 
Tijuana Panthers – Wayne Interest

:: outras vibes selecionadas ::
The Bombay Royale – The Island of Dr Electrico 
The Budos Band – Burnt Offering 
Nikki Yanofsky – Little Secret 
Curtis Harding – Soul Power 
Stein Urheim – Stein Urheim 
Audrey Fall – Mitau

Top 5 filmes found footage dos últimos anos.

Talvez o primeiro filme de found footage (esse sub gênero que baseia-se em imagens feitas por câmeras de vídeo na mão dos personagens/locais em que passaram) que eu assisti tenha sido The Blair Witch Project. Ali nos meus 13 anos foi um baita filme, referência que carreguei por muito tempo.

Desde então acompanho o sub gênero com carinho pois sempre imaginei que muito ainda poderia ser feito com ele – ao mesmo tempo assisti filmes anteriores a The Blair Witch, como Punishment Park e Man Bites Dog, buscando ver o que já tinha sido feito.

Nos últimos anos o seu potencial foi amplamente explorado (até porque há câmeras em todos os lugares agora). Assim como aconteceram blockbusters como os cinquenta Paranormal Activity e o pretensioso-porém-bobo Cloverfield, tivemos filmes que exploraram as suas nuances e que responderam ânsias fundamentais de moleques que como eu observaram o sub gênero evoluir com fúria: Como seria um filme de alien feito assim? um de exorcismo? um policial? e um de fim do mundo? 

Para pontuar este bom momento do sub gênero/estilo: Top 5 filmes de found footage dos últimos anos:

5. Europa Report, 2013. 

Acompanhamos uma missão que tem como objetivo explorar Europa, uma das luas de Saturno. Possui uma narrativa que, apesar de ser rasa no desenvolvimento de personagens, consegue ter um ritmo delicioso e capaz de criar uma sensação claustrofóbica que só filmes de espaço conseguem. E que belo final, totalmente feito para agradar meu nerd interior de 13 anos de idade.

4. The Bay, 2012. 

Essa belezinha de filme é sobre uma infestação que ocorre em uma cidadezinha. Dá medo, dá frustração e brilha quando explora uma das melhores facetas do sub gênero: te faz sentir na pele como é estar ali, apreciando um ponto de vista que só seria possível através de uma câmera na mão.

3. The Poughkeepsie Tapes, 2007.

Pura doença em forma de filme de found footage. A premissa é: um documentário sobre um serial killer que gravava tudo que fazia com suas vítimas. Não vou dizer mais nada. Exige fôlego. Assombra pra caralho. Cuidado.

2. REC 2, 2009.

A série de filmes que deveria se chama PUTA MADRE. O primeiro filme foi bem massa – e o terceiro foi apenas divertido para eu e umas duas pessoas. Mas tudo deu certo no segundo filme. Explora os acontecimentos pós-REC 1 através do ponto de vista de policiais de um batalhão especial, equipados com várias câmeras e metralhadoras carregadas. Se ficou faltando algo no primeiro REC, tá presente no REC 2 e mais um pouco.

1. End Of Watch, 2012.

Como eu curti assistir esse filme. Dois policiais durões de Los Angeles registram sua rotina com diversas câmeras, numa forma de trabalho de faculdade de um deles. Chega uma hora que tu nem reparas nas câmeras: a ação vai apenas fluindo inclemente, sombria e low-key bem engraçada. Se Michael Mann fizesse um filme de found footage, acho que sairia assim. Que filme.

2013 no meu Last.fm.

Dez bandas que mais escutei esse ano, segundo o last.fm. Ou seja: é incompleto mas serve pra se ter uma noção.

1. Morphine – Porra como não ouvir muitão Morphine nessa vida. Ainda mais porque assisti o documentário sobre o Mark Sandman e deu aquela puta vontade de ser fã de novo da banda. De redescobrir todos os detalhes de uma das bandas que mais ouvi e continuo ouvindo nessa vida.

2. Muddy Waters – Ainda bem que tem disco pra caralho do Muddy. Esse ano ouvi uns treze dele no repeat e ainda tem uma caralhada que nem peguei. Obrigado por tudo, meu velho.

3. Chance The Rapper – Capaz de ser o disco/mixtape do ano Ouvi muito em caronas de volta para casa, coloquei para tocar em festas de apartamento e quase consegui deixar ela tocando inteira no Mancha.

4. The Black Crowes – Sempre achei BANDA DE MAGRO. Daí emagreci um pouco e resolvi escutar com carinho. Acho que tem também o fato de eu estar ficando velho e começar a gostar de discos por causa da produção, do TIMBRE e do som do estúdio em que foram gravados. E o Black Crowes sempre prestou muita atenção nisso tudo. Da pedrada glam de By Your Side ao sentimento de uma sessão de ensaio pedrada de Lions, os discos da banda sempre possuem uma identidade muito definida e crocante.

5. Johnny Cash – Peguei todas as gravações da Sun do Velho Cash. Botei no Shuffle e caminhei um bocado. se tinha alguém correto nesse cosmos, era o velho. A versão expandida das gravações de Folsom também são demais, com aquele Carl Perkins (melhor que Elvis) no começo esmerilhando tudo.

6. A$ap Rocky – Harlem sempre estará no meu coração. Apesar de irregular, o primeiro disco do Rocky rodou bastante nos meus players. Se tivesse umas cinco faixas a menos, seria um dos discos do ano.

7. T-Bone Walker – Apenas: baixei a caixa original source e não consigo largar dela. Todas as gravações do T-Bone até 1951 e quando começa a chegar no AUGE – a caixa acaba. As gravações da Imperial continuam em outra caixa, mas gosto do CRESCENDO que essa caixa proporciona.

8. Arctic Monkeys – Envelheci junto com essa banda. E ela envelheceu do jeito que eu queria ter envelhecido.. O topete que cultivei durante todo este ano é prova dessa identificação (é da hora ser fã de banda).

9. Kendrick Lamar – O jovem poeta das ruas de Compton não soltou muita coisa no ano, mas rodei muito as primeiras mixtapes dele. Claro que houve aquele verso de CONTROL que rompeu o continuum do hip hop sem cerimônia.

10. Snoop Dogg – ain’t nuthin’ but a g thang.

E segundo o last.fm, JUICE foi a faixa que mais escutei no ano. Que sentimento.