3 Toneladas AKA The Great Robbery Of Brazil’s Central Bank, 2022.
O cara percebe que nem conhece o próprio país. Primeiro pois o jeito que os polícia falam nesse documentário é algo de especial: dos civis, aos estaduais e federais, aos agentes especiais e peritos, cada um usa a língua portuguesa de uma forma específica e comumente fatal. As regionalidades são achatadas quase sempre, mas ainda presentes ali, de forma até divertida, quase fascinante (descontado a galera do jurídico, que nossa senhora como é terrível ouvir grande parte do que falam). Tudo bem que isso só pode ser interessante pra mim por estar há muitos anos não convivendo com essa língua. Segundo que como é treta o br, né. Aqueles momentos pós-prisão, onde polícia e suspeitos trocam ideia livremente, é coisa que não existe, velho. Não dá pra escrever essa ficção. Os caras sendo preso em Porto Alegre, jogados na calçada garroteados – ou os caras posando ao lado de agentes especiais em algum rancho no sertão do Ceará, fazendo aquela cara de “putz fui preso”. Bruto demais. A treta é infinita. O caso em si é um clássico já (feliz em ver o Roger aparecendo, sendo reconhecido pelo seu excelente livro Toupeira), e não apresenta nada de novo além de uma narrativa mais amarrada. O documentário realmente brilha em mostrar as camadas de polícia, criminosos e toda sorte de envolvidos que se conectam em algum momento ao caso, dando breves, mas importantes, relampejos de como se forma a o br, esse país imenso e impossível.