Smashing Pumpkins + Interpol, 29/06 – Ahoy, Rotterdam.

Antes de entrar em Mayonaise, Billy disse here’s a song that we wrote in ’92. E quase me fez chorar, porque poucas canções soam assim, ao vivo. Um presente, de uma banda antiga, que viveu várias vidas em suas décadas de atividade. Tocaram por algumas horas, mandando mais de 20 músicas (em algum momento James Iha deixou escapar no microfone “just 9 songs more” – pode ser o melhor trampo do mundo, mas ainda é um trampo), entre covers de U2, brincadeiras com riffs de Lenny Kravitz e versões secas, mas muito poderosas, de seus hits. Se o Interpol, que fez um set competente de abertura, soava como um Mustang antigo, o Smashing Pumpkins soou como um navio de guerra aposentado, sem ver tretas há muito tempo mas ainda capaz de assustar quem quer que seja (teve um momento ali que o Chamberlin conseguia fazer a bateria dele mais pesada que muita banda de metal carcomida, uma doidera). Uma banda de uma rara estirpe, que não se vê ou ouve mais, dando uma noite de puro som e alguma fúria aqui e ali. Que jeito de terminar uma semana: indo sentar lá no fundo da arena, cantar umas músicas que cresci ouvindo, ver Billy e Iha se entrelaçarem ao tocar os solos de Rhinoceros (outro presente) e depois pegar a bike e pedalar de volta pra casa, curtindo a cidade, em seu mais puro crepúsculo de verão. Um dia perfeito.