True Detective, S04E01-02.

A linha de tempo sempre é longa. Nessa temporada, a nova showrunner Issa Lopéz aumenta o possível horror cósmico, a tristeza, a escuridão e tenta levantar um espelho trincado para a mítica S01 (uma treta infinita), que, tal qual um disco debut de uma banda que nunca foi superado, parecia intocável/inalcançável pelo seu próprio criador. Talvez a nova perspectiva fosse necessária, pois nesses dois episódios a série volta a sofrer menos de si mesma. Mesmo que eu goste da S02 (uma dureza infinita) e S03 (uma tristeza infinita). Todavia, até agora, não é tão perfurante quanto a S01 foi. Aumentaram o teal & orange, colocaram Jodie Foster destruindo tudo e todos e trouxeram ciência assustadora para a narrativa. Coisas que funcionam, veja bem. Pode ser que role. Tenho grande apreço pela S01, na época ela me apareceu logo depois que vivi meus mais tristes Anos De Coração Partido (como foi bom ter sido jovem). Eu estava singularmente pronto para aquilo, compartilhava as mesmas leituras que o Pizzolatto, tinha passado anos mal lendo Ligotti e Brassier, descoberto algumas coisas que o cara descobre sobre si mesmo nesses tipos de anos. De certa forma até, por um tempo emulei Rust por ter me surpreendido com a conexão que desenvolvi com essa série. Escrevi para alguns sites de graça sobre a S01, contava pra todo mundo. Que felicidade que foi. Que importante que foi pra mim. Meio que estou vivendo os meus anos de Rust no Alaska neste exato momento, 8 anos de frio (a treta é infinita). Mas passou, não se repetiu e foi seriamente distorcida por muita gente que assistiu. É para sempre um lance que vai amaldiçoar a série inteira, tal qual Illmatic deve assombrar o Nas. Ainda temos quatro episódios restantes nessa S04. Espero que seja divertido e fatal como deve ser, porque até agora: tá indo bem. Uma noite interminável.