Tool, 27/05 – Ziggo Dome, Amsterdam.
Nunca pensei que ia ver o Tool ao vivo. A banda me apareceu bem naqueles anos ideais da adolescência, em que o perigo começa a fazer sentido. Tu tás com tesão e nem sabe do que, aí ficava fácil começar por música. E o Tool entregou algo pra acompanhar isso: quatro discos perfeitos. Abriram minha cabeça pra todo um monte de coisas. A singularidade do Tool é semelhante ao do Radiohead pra mim. Não comparo muitas bandas e muitos sons a eles, porque nem tem como. E assim que tomaram o palco do sold out Ziggo Dome, mostraram porque são o que são. Uma pedrada, menos sensual do que lembrava, mas muito mais sisuda e definitiva. A banda sabe como e o que quer. Que banda. Quatro bróderes que tocam com a técnica de quem nem pensa mais nesse tipo de coisa, pois passaram dessa. Uma viagem no tempo pra eu me ver adolescente, querendo ser dark e querendo me sentir o tempo todo daquele jeito que os discos do Tool me faziam sentir. Tocaram muito mais dos discos recentes, dando apenas uma acenada pros dois primeiros. Todos nós envelhecemos, normal. O Tool de hoje em dia é menos liga torta, mas ainda fascinante. Por um espaço de tempo, lembrei de noites jogando Quake, lembrei daquela virada de século niilista, lembrei de uma vida toda que pareceu a única coisa que eu ia viver. Envelhecer é um privilégio, e ter podido pagar a pequena fortuna que foi para ver uma banda tão única quanto o Tool, é um privilégio importante. Um som que para sempre estará marcado nas minhas memórias, primeiro de adolescente, agora de velho. Excelente vida, baita sorte.