The Raid 2: Berandal, 2014.

No primeiro The Raid, o diretor Gareth Evans tinha a vontade e a visão para fazer um grande filme de artes marciais, apresentando o pencak silat ao mundo da forma brutal (jamais esquecer o primeiro filme sobre o estilo, que é do Evans também: o eterno Merantau). Mas longe de ser um filme refinado. Havia apenas intenção, que esbarrava em uma ou outra limitação técnica e um roteiro que ansiava por cenas e mais cenas de lutas (o que não pode ser interpretado diretamente como algo ruim, sempre). Em sua continuação, há mais orçamento, refinamento, uma capacidade técnica mais robusta. The Raid 2 é um filme que nasceu diretamente da visão do primeiro – e por causa do seu sucesso. É um filme de artes marciais para apaixonados por filmes artes marciais, que cresceram grudados em TVs de tubo assistindo fitas VHS toscas e mal dubladas de filmes asiáticos. Nas duas horas e meia de filme, fica a impressão que que o diretor resolveu realizar todos os sonhos de um moleque que cresceu assistindo filmes de artes marciais, imaginando cada vez mais cenas de luta imediatamente após assistir um filme impressionante. Dá pra listar a Cena do Banheiro Na Prisão, a Cena da Briga Na Lama, a Cena da Luta Dentro do Carro, a Cena do Metrô, a Cena da Boate e a brutalmente linda Cena da Cozinha como realizações extraídas da mente de um viciado de filmes de artes marciais. Sem contar os personagens, que também são saídos desse mesmo imaginário: A Mina Que Luta Com Dois Martelos, o Assassino Do Terçado, o Cara Do Taco e Bola de Baseball e o Capanga Das Lâminas Dentadas. Um filme cadenciado, que se dá tempo para criar suas cenas, não se atropela e consegue evitar a intenção mortal e falida de elevar filmes de artes marciais ao status de arte. Aqui o negócio é MUITA CABEÇADA EM QUINA e COTOVELADA NA CLAVÍCULA. Um filme gore que vai vender milhões de DVDs piratas pelo mundo pra sempre, que vai ser obrigatório para todo moleque de onze anos que curte ver umas cenas pegadas de luta. Um filme que de certa forma realiza alguns sonhos de muito maluco que nem eu.