The Beatles: Get Back, S01E01.

Uma dessas coisas que eu não queria que terminasse. Meses atrás me diverti bastante vendo o Paul e o Rick Rubin apenas escutando fitas de rolo das composições do Paul em McCartney 3,2,1. Tive a mesma sensação em Get Back: quero apenas ficar aqui quieto vendo essas pessoas falarem/fazerem o que sabem melhor pelo máximo de tempo que eu puder. Nessa primeira parte, há um contexto pesado, uma tensão. Um deslocamento proposital. Aí eles começam a tocar juntos. Debulhando uma quantidade impressionante de covers e canções não-finalizadas. Tentando achar um terreno em comum. John é fascinante. Tem um momento que ele bota Across The Universe pra tocar (claramente uma baita canção imortal) e nem fala nada. Sabe que o lance é bom. Ou talvez não liga tanto para o que os outros vão achar. Ele é o primeiro a responder à alguma ideia nova ou proposição com um “that could be”. Um broder cativante e hipnotizante. Já Paul é o project leader que sofre por ter essa posição (que considera injusta). Seu momento é quando, por pura fúria, brota o que viria a ser a própria Get Back do nada. Murmurando sons ininteligíveis e um proto-riff de baixo. Arrepiante. Um momento raro de um cara muito talentoso tentando fortemente. Transpiração contra tudo. A paciência infinita de Ringo é muito admirável, também. Completamente estaria do lado dele se ele tivesse tomado a posição que George toma. George, aliás, visivelmente cansado e vazio. Mas tentando usar isso a seu favor. Um otimista, em seu estado puro. Em certo momento, John está de pé, na frente do Paul, tocando com aquele olhar desafiador. Finalmente uma felicidade tangível. Um espaço de tempo em que tudo funciona. E a maior banda de todos os tempos toca o cosmos.