Licorice Pizza, 2021.
Um forte raio de sol da manhã que atravessa a tela. É como visitar memórias alheias em forma de filme. Acho que passei o filme inteiro com um sorriso aberto no rosto, embriagado pelo grão da cópia em 70mm que tive o privilégio de assistir, pensando que de certa forma eu já vivi aquilo ali. Um sentimento impossível, claro. Mas de que serve filmes como esse se não para justamente para isso? Bicho, como eu sorri. Gargalhei. Que vida excelente. Os ecos de Licorice Pizza em minha própria história são inescapáveis (minha primeira namorada era dez anos mais velha que eu – e eu tinha mais ou menos a idade do Gary quando a conheci), o amor pelo cinema também, assim como a predisposição para o romantismo descarado, singelo e imediato que PTA insere em seus filmes. Quando Alana solta um “idiot” para Gary no final do filme, estalou em minha cabeça: eu acho que já vivi isso aí. Essa ficção já foi a minha realidade, ou vice-versa.