Hacks, S01.

Tem um lance de ser fã de Humor (esse com agá maiúsculo, ou Comédia com cê maiúsculo) que, além de ser muito irritante para qualquer pessoa que não simpatize, acontece com uma raridade que chega a ser até frustrante: encontrar uma pessoa que tenha o mesmo senso de humor nerd que você. E não somente isso, alguém que consiga ver o potencial das tuas piadas ruins e sem ego algum, te ajudar a construir piadas melhores em cima delas. Trabalhar em cima de algo que precisa ser engraçado é terrivelmente dolorido. Requisita uma intimidade brutal, que mesmo nunca tendo trabalhado diretamente em Humor, tive o privilégio de experimentar pelo menos duas vezes em minha curta carreira de escritor. Hacks é, centralmente, sobre isso. Sobre pessoas que acima de tudo sentem-se mais à vontade quando ouvem ou dizem algo engraçado. Que constroem uma vida inteira em cima desse sentimento. Para o bem (e na maioria das vezes) para o mal. Uma série tão rara quanto o lance que descrevi. Tudo funciona: o roteiro é cativante, engraçado e repleto de cenas perfeitas. Jean Smart deita demais em todas as cenas, e a química com Hannah Einbinder é leve e verdadeira. Uma série difícil de se fazer acontecer.