Bugio + Hurtmold, CCSP.

O show da Bugio é muito parecido com o primeiro disco deles. Uma banda de baixo-bateria que ainda está na sua primeira fase, explorando diversos tons e territórios entre um acerto e outro. Nem tudo é bom, nem tudo é ruim. Nos momentos em que a riffzera começa a pegar a coisa fica interessante – todavia é uma banda anti-esporro. Por não explodir completamente, fica brigando contra a destruição o tempo todo. Também não abraça o drone incandescente (uma pena, pois um dos melhores momentos do show é quando o baixista resolve imitar um elefante com o baixo).

O Hurtmold entra sabendo exatamente que som quer tirar e esmerilha em cada e todo segundo. A improvisação é calculada e curtida, coisa de quem já meio que zerou o jogo e agora o joga para achar fases secretas. É provavelmente a maior e melhor banda de São Paulo de todos os tempos. Ouvia Hurtmold quando ainda nem morava aqui, imaginando que a cidade soava assim. Uma banda que pelo menos três discos perfeitos – e aquele split supremo com o Eternals, meu favorito quando penso em Hurtmold. O show demonstra tudo isso, há casca e há timbres perfeitos. Não há mais uma aura de novidade e talvez isso não seja necessariamente ruim. Baita show. Baita banda. Grande sentimento.