Black Summer, S02.
Certa vez, uma ex me disse algo como “Você não é um niilista intelectual, é um niilista instintivo e, portanto, irrefutável”, ela estava anos-luz de mim nessa afirmação (aliás sempre esteve em tudo). Demorei para entender o que ela queria dizer. Tava assistindo essa segunda temporada de Black Summer, que passou completamente batida pelo meu radar ano passado, mesmo que eu tenha curtido e recomendado demais a primeira temporada. Minha série minimalista de zumbi favorita. Ou: meu tipo de niilismo em forma de série de zumbi minimalista. O sentimento da primeira temporada ainda está aqui: a cena de abertura é um exercício em desgraceira, que te joga em um mundo onde o apocalipse aconteceu há uns seis meses e quem sobrou é tudo zoado da cabeça. Nos últimos dois anos brinquei que a Pandemia Global foi um dos mais entediantes fim do mundo. Mas queria passar longe (ou: não duraria muito) no fim do mundo que Black Summer apresenta. Tudo que funcionou na primeira temporada tá aqui: alguns personagens são os mesmos, algumas situações até parecidas. A série expande em outros pontos importantes (um deles sendo que mesmo com um fuzil automático, um zumbi furioso é um alvo quase impossível, outro sendo que conflitos armados entre pessoas em um mundo onde existem zumbis são um dos mais terríveis momentos do cosmos). O niilismo bruto, galopante e óbvio (irrefutável) de Black Summer é talvez o que me faz mais gostar dessa série. Decisões bad trip são tomadas em quase todos os episódios, numa roleta-russa intensa, triste e inescapável.