Squid Game, S01.

Dia desses no Instagram, o Rafael Grampá tava postando sobre como é muito mais fácil ficar criando obras em cima de algo que já foi um sucesso. Que a repetição de temas narrativos e visuais, forçada ou em forma de “homenagem”, é um dos grandes motores da indústria criativa hoje em dia. Talvez sempre foi. Os ciclos podem ser curtos ou longos (ver: westerns pós-guerra, filmes de super herói da última década), mas sempre acabam sendo muito parecidos. Pegam o que deu certo e montam em cima. Alguns criadores deram reply ao Grampá, incluindo frases como “sempre quis criar algo novo, mas acabei refazendo sucessos do início da minha carreira pois vende mais”. Squid Game não apresenta nada muito novo para quem comeu Battle Royale e Suicide Club quando moleque – e muito menos pra quem consumiu Hunger Games, quando a série de livros e filmes era a Maior Coisa Da Terra. O ponto mais interessante pra mim, é o uso de dívidas financeiras como denominador comum de gente ruim, incapaz, parasitas de uma sociedade onde todo mundo é endividado, mas os piores são os que não querem pagar suas dívidas. Nada pior do que um endividado que resolve fazer mais dívidas. Pelo meu conhecimento (superficial) das dinâmicas sociais da Coreia do Sul, faz sentido esse terror em ser visto como um dos falidos (apesar de uma cena bem interessante mostrar que todo mundo tá falido de uma forma ou de outra, mesmo quem tem as aparências que apontam em outra direção). De resto, o jogo de vidas humanas de sempre. Doideira ser lugar-comum obras criativas com jogos que envolvem vidas humanas. Esteticamente, um puta exercício de disciplina e montagem dos Coreanos. Todavia, um fraco argumento contra os 1% ou a favor dos 99%. Lembro daquele clichê-frase sobre xadrez, que no final do jogo o rei e os peões vão todos pra mesma caixa.