Resurrection, 2022.

Fazia um tempo desde que vi um filme recente com esse tipo de ritmo. Thriller de horror pegado, ancorado na excelente Rebecca Hall, talvez num dos ápices das suas capacidades como atriz: entregando um universo próprio de desconforto, raiva, cansaço e antipatia benevolente em várias cenas. Só mais assombrado do que a performance de Hall, talvez seja ouvir (pela também excelente atuação de Tim Roth) palavras que soam incrivelmente similares à coisas que eu mesmo disse em relacionamentos em algum momento da minha vida, por mais doloroso que seja admitir isso. Horror puro e verdadeiro é se ver refletido em personagens nojentos. Certa vez li que amadurecer é olhar para si anos atrás e sentir vergonha e desgosto por si mesmo. Não sei o quanto isso é verdade, ou se serve de métrica para alguma coisa. De qualquer forma, o tempo passa e algumas coisas permanecem, aguardando calmamente o seu momento para se desenrolarem ou explodirem. Nesse meio tempo, muita coisa pode acontecer. Uma vida inteira pode se desenvolver. O difícil mesmo é escapar de si mesmo.